Romance de meia noite

     Sem dúvida, é a nossa realidade, poderia parecer uma fantasia, mas não, é mais verdadeira do que qualquer outra. Eu sinto-o e tu também, tal basta, não é preciso mais nada.

     Essa cor de que me falas, todos os dias, é a cor dos sonhos, aqueles que sempre julguei enterrados, ainda assim, nada escapa neste mundo, o que terá de ser encontrará o seu caminho, não desviando trajecto por atalhos...portanto, vieste devagarinho, dia a dia cuidado com carinho essa pequena esperança no fundo de mim depositada e fizeste dela algo maior, deste-lhe vida.

     Agora, forte e viçosa, já não é ilusão, nem cor nenhuma, é um infinito de possibilidades, uma mistura tórrida de felicidade com o que o mundo desconhece...a nossa pequena descoberta.

     Talvez aquilo que digo não faça sentido algum, quem sabe se não se tratam de pequenos devaneios que não contive entre tanta alegria...é provável que assim seja, no entanto, inevitavelmente, são estes disparos emocionais que me percorrem cada vez que mergulho nesse mar sem fim, onde emergem os nossos tesouros dispersos. 

     Quer pense, quer me assaltem, são essas memórias que me fazem sorrir e roubam cada suspiro que voa até ao próximo dia em que te possa observar a meu lado. 

     Então, surgem palavras e palavras, fragmentos embebidos na doçura que me transmites, vocábulos tais que fariam livros, não fosse a incapacidade do que resta, para além de nós, de perceber aquilo que quero verdadeiramente dizer.

     És tu... és sempre tu, com tudo o que não te sei mostrar, só tu és capaz de fazer o meu coração assim sonhar. E podia não parar de delirar, ficar aqui horas a rever cada linha que já partilhamos...mas, que valor teria isso, quando ainda temos tantas páginas por escrever?