Espelho meu, espelho meu...

       Dêem-me um espelho para que me possa ver. Quero observar sob a luminosidade solar cada poro que me esconde.
     Por vezes, desejava sair de mim e mirar-me de fora, apreciar e depreciar a imagem que me cobre, descobrir-me como os outros me desvendam, mistificar cada expressão, explorar cada olhar. Odiar-me e também amar-me, centrar em mim as órbitas circundantes e assistir ao meu próprio espectáculo.

      
       Tragam-me uma face plana reflectora, preciso de conhecer-me como só os outros me entendem e eu não percebo. 
     Circundem-me de olhares alheios, perfurem o profundo e ressaltem-no para a superfície. Exponham-me assim à crítica, mostrem-me quem sou e aí ficarei, imóvel a adorar o espelho inerte.

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